Teoria dos rostos: uma estrada de ferro na mais profunda Amazônia

Um povo indígena vítima de exploradores indiferentes, uma mulher de força, um repórter curioso, um dono de garimpo inescrupuloso, um capitão de navio oportunista, um aguaceiro imparável, uma horda de desesperançados, uma cidade em decadência nos confins da floresta.

Teoria dos rostos conta a história fantástica da implantação de uma ferrovia na Amazônia.
Ali as pessoas nascem do barro. Quer dizer, esse é o ciclo normal da vida. Mas a Companhia tem pressa demais para esperar o tempo natural de maturação dos fetos, para esperar que a chuva faça naturalmente o papel de lavar a terra para trazer à tona os novos indivíduos. A Companhia não quer esperar que os indígenas da parcialidade Maskoi venham das entranhas da terra por parto natural, única garantia de que os recém-nascidos cheguem saudáveis.
A Companhia precisa de mais trabalhadores do que o processo da normalidade pode dar e por isso apela para os garimpos de gente, para a estratégia arriscada de apressar a natureza. Só que a terra tem suas regras, que não podem ser quebradas pela violência de métodos artificiais.
O romance acompanha a narrativa empolgante da luta dos excluídos e seus dramas individuais e coletivos para enfrentar as condições angustiantes impostas por natureza e homens selvagens.
Dentro da mais autêntica tradição do realismo mágico latino-americano, Alcázar vai surpreender o leitor com uma história encharcada pelas muitas chuvas, chuvas de temporada, chuvas brutais. Uma história original e surpreendente que se passa na Amazônia isolada, em que não importa a interrupção dos acessos nem o sofrimento desumano, porque há uma estrada de ferro a implantar. Em que não importa o drama dos que veem o futuro do seu povo comprometido pela ação de garimpeiros que buscam na terra um ouro mais rico que o metal: o ouro de milhares e milhares de recém-nascidos arrancados à força do barro antes da hora.
No meio da floresta, a empreitada brutal precisa de muitos, muitos trabalhadores. E o barro, maternidade ancestral que a chuva encharca e os pés miseráveis amassam com raiva, precisa parir os muitos e muitos novos miseráveis que a estrada vai engolindo.

O barro precisa parir, mas será que ele quer?
Precisa parir, mas será que ele ainda pode?

Ali onde precisa nascer a nova geração de Maskois, parcialidade indígena que não quer se curvar ao estupro violento do ambiente, ali onde o ventre da Terra começa a dizer não na forma de uma mortalidade epidêmica implacável e misteriosa, ali a tragédia nem é a água que cai do céu.
A tragédia é a vida nova, que não se levanta mais do solo. É o garimpo de gente, onde dos veios inférteis são desenterrados agora, por conta do ritmo antinatural, apenas seres mutilados ou natimortos e sem utilidade para a Companhia. É a gente sem esperança, que não quer mais aguardar silenciosa a redenção que não chega.
Mais um lançamento de qualidade editorial e gráfica da Categoria, Teoria dos rostos vai encantar o leitor.

Este produto será lançado em 28 de setembro de 2022